Conduzir é sinónimo de liberdade e por isso a decisão de deixar de guiar, em virtude de já não estarem reunidas as necessárias condições físicas ou mentais para essa tarefa, nem sempre é fácil de tomar e assumir. Mas há uma altura em que isso é inevitável.
Quando se entra na terceira idade, há faculdades mentais e físicas que inevitavelmente se vão perdendo e que, progressivamente, nalguns casos de forma mais lenta, noutros de forma mais acelerada, dificultam a realização de certas tarefas ou inviabilizam mesmo a concretização de outras. A condução de um veículo pelas grandes exigências que implica em termos de coordenação de gestos, concentração, rapidez de reação, capacidade de responder a estímulos e de velocidade de processamento de informações captadas pelos sentidos é uma das tarefas que mais pode ficar comprometida quando as faculdades psico-motoras deixam de estar no seu pleno.
No entanto, muitas vezes, os condutores seniores, porque não se apercebem ou, apercebendo-se, pretendem ignorar a deterioração das suas aptidões para conduzir revelam uma grande dificuldade em deixar de conduzir. Uma das razões dessa relutância tem a ver com o facto de o assumir que se deixou de estar apto para a condução é assumir um certo nível de incapacidade. E isso ao nível psicológico é muito duro, pois o automóvel é também um símbolo de independência. Deixar de guiar é passar a ficar mais dependente dos outros ou dos transportes públicos. Para alguém que viveu toda a sua vida sempre a conduzir, deixar de o poder fazer, pode ser uma espécie de sentença, levando a que se sinta preso em casa.
Quem acompanha o idoso, especialmente familiares, tem o dever de estar atento à evolução (neste caso, à degradação) do estado físico e mental do condutor sénior e em atenção à sua segurança e à dos outros, tem de ter a coragem de lhe saber transmitir que a condução já não é uma tarefa adequada para ele fazer, já que o coloca em risco. Deve procurar igualmente o apoio do médico de família para que a decisão de deixar de conduzir possa ser aceite de forma menos violenta para o idoso.
Que sinais são esses?
Há vários sinais que mostram que uma pessoa pode já não estar capaz de se sentar ao volante de um automóvel. Alguns desses sintomas são os seguintes: problemas de artrite ou outro tipo de doenças degenerativas em articulações ou aparelho ósseo ou muscular que reduzem a amplitude de movimentos; a perda de visão que advém de patologias como cataratas, redução da visão periférica, glaucomas, visão turva, dificuldade em ver à noite e diminuição de capacidade de focar; audição diminuída que faz com que não apenas sirenes ou buzinas possam não ser ouvidos, como também o som que os outros carros fazem no seu normal rolamento; episódios regulares em que os condutores se perdem ou se esquecem de qual é o caminho para regressarem a casa.
É também normal que os idosos, fruto da sua idade, tomem mais medicamentos do que a média da população em geral, com a particularidade de alguns desses remédios poderem produzir efeitos na condução de máquinas. Este aspeto também deve ser levado em conta, pois há medicação que provoca sonolência, tremores ou tonturas, favorecendo a ocorrência de um acidente.
Quem rodeia o idoso tem também o dever de, em função desta nova e dura realidade que o envolve, acompanhar mais de perto essa pessoa, já que ficou mais vulnerável em termos psíquicos. É muito importante não esquecer que o facto de alguém deixar de poder guiar pode ser um cartão de entrada para um quadro de depressão e isolamento.
Fotos: cbc.ca, myageingparent.com, seguroauto.org circula seguro
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